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É errado cuidar tão bem do seu animalzinho?

Por Claudinei Candido Silva

 

Muitas pessoas se incomodam quando vem um cachorrinho sendo tratado como uma criança, com roupinhas ou sendo levado num carrinho para bebes. Em alguns casos, pessoas gastam muito com cães, ou outro animal doméstico e os tratam como crianças, são geralmente pessoas que não podem, ou optaram por não ter filhos, e então começam a ver seu animalzinho como um substituto de uma criança. Estes passam a ser seus filhos.

O valor gasto com cada bichinho dependera do status financeiro de cada família. Nem todas as crianças recebem as mesmas coisas, uns recebem brinquedos caros, outros nem tanto, algumas estudam em escolas caras e outras nem tanto, aliás, muitas estudam em escolas com mensalidades tão elevadas, quanto a dos cursos de medicina. Todos esses gastos não são vistos como compulsão por essas famílias.

No caso dos animais domésticos, compulsão seria uma família sem condições, gastar o dinheiro que não tem para tratar e manter um animalzinho desses. Geralmente um cãozinho de uma família que não tem muitos recursos tem uma vida de cachorro mesmo.

“O cão e o melhor amigo do homem,” conhecemos bem essa frase, em parte porque o homem tem se distanciado um dos outros, não tem mais tempo para se dedicar as amizades e nem ao menos para ouvir as pessoas.

Vários pacientes que conheci em centros de reabilitação tem como melhor amigo um gato ou cachorro. Infelizmente eles não vivem muito e quando estão perto de partir, seus donos se põem em desespero, depressão, pois estão prestes a se separar daqueles que dedicaram atenção, amizade e amor incondicional. Esses que chegam a adoecer precisam de auxilio especializado em problemas relacionados a sofrimento e morte.

Comprovadamente o trabalho que pastores, capelães, e representantes religiosos podem fazer é de altíssima relevância, luto, depressão ou qualquer coisa que ameace a saúde mental e espiritual do paciente deve ser levado a sério e tratado.

Algo precisa e deve ser feito, pelo animal, mas em muitos casos não há muito o que fazer, e o bichinho tem que ser sacrificado. Não é raro aqui nos EUA que o dono peca a algum líder espiritual a benção para que o bichinho descanse, essa benção não garantira a entrada desse animalzinho no céu, mas da mesma maneira uma benção sobre um bebe ou sobre qualquer outra pessoa não garante sua salvação, mas tranquilizara seu dono e também o próprio animalzinho.

A benção de Deus se estende a todos os animais que tem vida, pois a vida é a maior benção. No momento da criação, onde a Bíblia menciona: “E viu Deus que era bom!” (Genesis 1). Podemos entender essa expressão como a aprovação, e benção divina envolvendo tudo que estava prestes a ser entregue ao homem que, ainda seria criado no sexto dia.

Certa vez uma senhora levou sua galinha enferma a igreja na esperança de os fiéis orassem por ela. Muitos pensaram que aquela senhora perdera o juízo ou estava desequilibrada, mas provavelmente ela foi a única ali a perceber que Deus pode sim abençoar nossos animais, pois eles são parte da divina criação. Depois de muita insistência e confusão, oraram pela pobre galinha doente.

Nesses casos o dono também é abençoado, no caso da galinha a senhora saiu feliz, realizada e aliviada na esperança de que seu o caso estava entregue nas mãos de Deus.

Quando o dono pede uma benção para seu animalzinho de estimação, que está doente ou em fase terminal, esse pedido deve ser entendido da seguinte maneira, o dono deseja devolver ao bichinho todo amor e atenção que recebeu dele a vida toda. Essa dedicação depende do amor recebido e do grau de reconhecimento que o dono possui, e logicamente baseado na condição financeira o que a pessoa dispõem.

E provável que tudo isso cause espanto nos demais: – Que exagero!! Com tantas crianças passando fome… Aquela conversa que já conhecemos! Mas vamos aos números. “Gastam-se 18 bilhões de dólares por ano no mundo com perfume e cosméticos, que bastariam para eliminar a fome de 800 milhões de pessoas. Gastam-se 12 bilhões de dólares por ano com sorvetes na Europa, suficientes para prover com agua de boa qualidade mais de 1 bilhão de pessoas que ainda não a tem.” (Novaes. Whashington. Relatório Estado do Mundo aponta consumo exagerado, 2004.)

Nosso mundo e formado de pessoas diferentes com escolhas diferentes, mas o fato é que o universo “pet” tem crescido de forma inimaginável, e movimenta milhões de dólares no Brasil e EUA, mas está longe de ser comparado a indústria de cosméticos, ou do comercio de bolsas e sapatos, da liga de basquete, ou das corridas de F1, Futebol, Olimpíadas, Investimentos Espaciais, ou indústria bélica, festas e desfiles de carnaval, produções cinematográficas, e etc. Quantas crianças poderiam ser alimentadas com uma fatia de todos esses investimentos? Ou com o dinheiro gasto em viagens ou em telefones celulares de última moda?

Os países onde não se apreciam tanto os animais domésticos ou até mesmo os que os utilizam como comida, não são muito famosos por ajudar “crianças famintas.” Em meus quase 8 anos de África e 4 na região Amazônica, nunca vi Organizações Assistenciais desses países, mas ao contrário disso, os países que mais gastam com cães e gatos, são geralmente os países que mais se envolvem em atividades humanitárias e missionarias, por que será? Isso certamente daria uma boa discussão.

Como diz Arthur Shopenhauer: “A compaixão pelos animais está ligada a bondade de caráter, e pode ser seguramente afirmado que quem é cruel com os animais não pode ser um homem bom.” Segundo essa declaração, concluímos que a bondade do ser humano não deve se estendida somente aos semelhantes e em detrimento do cuidado dos animais.

De acordo com a Dra. Rachel Geller: “O judaísmo sempre reconheceu a ligação entre a maneira com que uma pessoa trata os animais e a maneira como trata os seres humanos. Uma pessoa que é cruel com um animal indefeso será, sem dúvida, cruel com pessoas indefesas. A psicologia moderna confirma esse entendimento, com muitos estudos descobrindo uma relação entre a crueldade animal na infância e a violência criminal em adultos.”

Provérbios 12:10 diz: “O justo cuida dos seus animais domésticos.” Portanto não é errado cuidar bem dos animaizinhos, de fato esse cuidado revela apenas a natureza amorosa de quem deveria ser o melhor amigo desses adoráveis bichinhos.

 

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