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A Violência doméstica e os animais de estimação.

“Deus os abençoou e lhes disse: “Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra”. (Genesis 1:28)

Muitos creem que o domínio que o homem deveria exercer sobre os animais teria que ser cruel, sem piedade. Mas essa nunca foi a ideia de Deus. Infelizmente, muitos ainda pensam dessa maneira e ainda como se não bastasse, se utilizam desse texto para confirmar essa informação.

Em 1641, René Descartes apresenta a ideia de que animais não possuem alma, portanto, segundo ele, não poderiam sofrer. No mesmo ano, foi aprovada nos EUA uma lei que defendia os animais de maus tratos. Voltaire condenava o pensamento opressor dos humanos em relação aos animais, e considerava pobreza de espirito comparar seres vivos a maquinas.

Mais de cem anos depois, em 1754, Rousseau defendia os animais por serem, segundo ele, seres sencientes, que possuem a capacidade de sentir sensações e sentimentos de forma consciente, não importando sua racionalidade, ou seja, a racionalidade se torna irrelevante quando ao assumir a sensibilidade do outro ser, este concluir que os bichinhos não devem ser maltratados.

Mas nem todos os seres humanos chegaram à conclusão, e infelizmente ainda hoje, em pleno sec. XXI, os animais, que deveriam ser nosso objeto de amor, carinho e proteção, são covardemente espancados e em muitos casos, mortos dentro do espaço que deveria lhes dar segurança; e é sobre este assunto que vamos tratar hoje.

A violência doméstica tem sido muito discutida nesses anos recentes e é sem dúvida uma das maiores preocupações sociais. As vítimas de abuso podem denunciar, embora muitos não o façam, por medo e por se sentirem ameaçadas. Em contrapartida, um grande número de infratores são denunciados e levados à justiça todos os dias, mas há, infelizmente, um tipo de agressão que dificilmente é percebida, a violência contra os animais de estimação que vivem junto com a vítima e também com o agressor.

Violência doméstica e maus tratos aos animais

Estudos realizados na década de 90 nos Estados Unidos, revelaram um fenômeno que até então não era muito percebido; foi revelado que, o maltrato dos animais domésticos é uma maneira de atacar o cônjuge e/ou outros membros da família.

Alguns dados:

– 71% das vítimas que foram para abrigos, possuíam algum animal de estimação, e afirmaram que o agressor havia ferido, ameaçado ou matado o animalzinho por vingança ou para obter controle psicológico sobre a vítima.

– 87% destes fatos ocorreram na frente da vítima e 75% na frente dos filhos.

– 25% a 54% das vítimas de violência doméstica, não saiam de sua residência por não saberem o que aconteceria com seu animal de estimação.

Outros dados:

– Um outro estudo revelou que, na América Latina e na Espanha, 79,3% dos abrigos para animais estão cientes da relação entre os maus tratos contra os animais e a violência doméstica. Além disso, 37,9% desses abrigos, afirmaram que entre 25% e 50% dos animais recebidos, foram maltratados em seus lares e 61,1% desses casos foram denunciados as autoridades.

– Nesses abrigos pesquisados, 61,3% permitem que as vítimas de violência doméstica visitem seus animaizinhos.

Os animais domésticos vem sendo incluídos nas medidas protetivas.

As autoridades tem percebido, que a violência contra os animais domésticos pode ser um alerta à violência que acontece nos lares. Segundo estudos, autores de crueldades contra animais são potenciais agressores e abusadores de pessoas. É o que é confirmado pela “Teoria do Link”, também conhecida como “Teoria do Elo”, que surgiu nos EUA, há quase 50 anos e após estudarem vários casos reais, chegaram a essa conclusão, destacando principalmente as comunidades consideradas vulneráveis.

Segundo o FBI, a Polícia Federal estadunidense, 80% dos assassinos começaram torturando animais. Temos abaixo alguns exemplos:

Albert de Salvo (o Estrangulador de Boston) – Matou treze mulheres – Em sua juventude costumava prender cães e gatos em jaulas e depois se divertia atirando flechas neles.

Edward Kemperer – Que assassinou os avós, a mãe e sete mulheres – Cortou dois gatos em pedacinhos.

Jeffrey Dahmer – Assassinou dezessete homens – Usava seu carro, para matar animais.

E a lista não para. Mas qual é o perfil psicológico desses agressores? Pesquisadores tentam decifrar essa irracional atitude, levando também em conta que, em diferentes regiões e culturas, o maltrato de animais é uma atitude normal, e foram observadas algumas características comuns:

  • Agressividade: A pessoa agressiva tem a tendência de responder violentamente aos estímulos que a rodeiam, se porventura sofre alguma frustração pode desferir sua raiva a um animalzinho próximo.
  • Impulsividade: Significa não parar para pensar nas consequências dos seus atos; o impulsivo dá vasão a raiva sem refletir se isso irá ferir alguém ou não.
  • Falta de inteligência emocional: É um dos traços mais marcantes no agressor de animais, por não conseguir sentir empatia e nem se conectar emocionalmente com os demais; e se uma pessoa não consegue ter empatia por um bichinho, dificilmente irá ter piedade dele.
  • Demonstração de poder: Em várias situações, a violência é utilizada para demonstrar poder; quando o bichinho não obedece é agredido para saber quem manda.
  • Egoísmo: O agressor costuma se mostrar egocêntrico e não raro, usa a violência e crueldade para alcançar seus objetivos.
  • Desafiador: Existem pessoas que sentem enorme excitação por quebrar as regras e exibir comportamentos agressivos, isso por que desprezam as leis e não se importam com os demais no seu entorno.

Os agressores de animais são psicopatas?

 É bem provável que as pessoas que maltratam animais domésticos tenham alguma doença psicológica, pois isso afeta a capacidade de sentir e racionalizar, o que pode incidir em transtornos de personalidade que induzam a violência contra os animais.

A psicopatia dificulta que a pessoa entenda o sofrimento dos demais; e é possível perceber tendências psicopáticas já em crianças pequenas, sim é verdade, os agressores não são somente os adultos. Mas como o diagnóstico só pode ser feito em pessoas maiores de 18 anos, a psicopatia infantil recebe o nome de transtorno de conduta.

Se a violência trouxer alivio de algum estresse, o agressor não pensará duas vezes em desferir toda a sua raiva no pobre bichinho, e é por essa razão que a maioria dos psicopatas maltratam os indefesos animais. Mas vale salientar, que nem todo agressor é um psicopata. É difícil definir a causa dessa atitude, mas sabemos que uma delas é a grande falta de amor, um dos sinais do fim dos tempos.

“E por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos se esfriará.” (Mat.24:12)

A parte boa dessa história é que, os bichinhos de estimação estão sendo também objeto de atenção por parte dos profissionais que protegem as vítimas de violência doméstica, facilitando que essas mesmas vítimas fiquem com a guarda do animal. Seria interessante que os abrigos recebessem esses animais para que a vítima não se torne psicologicamente refém, imaginando o que poderá acontecer com seu animalzinho em sua ausência.

Programas caminhando nesse sentido já existem, é o caso da Viopet, um programa que existe na Espanha e em alguns países da América Latina, que ajuda a encontrar um lugar, temporário ou definitivo, que possa abrigar esses animais que, como vimos, são também vítimas de violência doméstica. Lá eles serão cuidados com muita atenção e estarão à salvo de possíveis agressores.

Essa entidade tenta de maneira estratégica, localizar e alojar os bichinhos em lugares próximos aos abrigos de proteção para a vítima, para facilitar a visitação, diminuindo assim ao máximo, o estresse do animalzinho, causado pela separação.

No Jardim do Éden, as relações “bicho” e ser humano eram das mais harmoniosas possíveis. O paraíso era o lar de todos, e os animais eram domésticos; não havia violência. Ao mesmo tempo em que o surgimento do pecado transformou o ser humano, transformou também os animais. Mas hoje, os animais de estimação ainda seguem oferecendo amor incondicional aos seus dominadores, esperando quem sabe, viver o sonho interrompido no Jardim do Éden. Façamos portanto, esses bichinhos indefesos viverem em segurança, denunciando os maus tratos e principalmente, transformando nosso lar em um paraíso aqui na Terra.

 

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