Por Claudinei Candido Silva Você já deve ter recebido pelo celular, piadinhas, vídeos ou…

No Limiar da Escolha: Permanecer, Mudar a Si Próprio ou Partir
Relacionamentos, mesmo os mais intensos, raramente são um mar de tranquilidade. Há momentos em que as diferenças, os conflitos ou as expectativas não atendidas colocam um dos parceiros em um dilema excruciante: ficar e se transformar para encontrar a paz ou reconhecer a impossibilidade da união e partir.
Neste limiar, reside uma verdade fundamental sobre a dinâmica interpessoal: a responsabilidade pela mudança do outro não é sua. Amar alguém não confere o poder, nem o direito, de remodelar sua essência, seus hábitos ou sua perspectiva de vida. A crença de que “ele/ela vai mudar por mim” ou o esforço incessante para “consertar” o parceiro são armadilhas que levam à exaustão emocional e, frequentemente, ao ressentimento. A verdadeira transformação é um caminho interno, trilhado por vontade própria.
Inserção Bíblica sobre a Liberdade do Outro
A Bíblia nos ensina o valor do amor abnegado, mas também nos lembra da liberdade e do juízo individual de cada um. O apóstolo Paulo aconselha: “Cada um examine os seus próprios atos; então poderá ter a satisfação de si mesmo, sem se comparar com os outros. Pois cada um deverá levar a sua própria carga” (Gálatas 6:4-5). Essa passagem reforça que, embora devamos amar e servir, a jornada de crescimento e a “carga” das escolhas de vida cabem, em última instância, ao próprio indivíduo.
Diante de um relacionamento difícil, a escolha se resume a uma introspecção brutalmente honesta. O parceiro em questão precisa se perguntar:

1. Posso Mudar a Mim Mesmo e Ficar?
Esta não é uma questão de se anular, mas de avaliar se a fonte do desconforto reside em algo dentro de si que precisa ser ajustado. Talvez sejam as expectativas, a rigidez, a maneira de comunicar ou até mesmo o limite de tolerância pessoal. Se, ao modificar sua própria reação, seu próprio limite ou sua própria perspectiva, o relacionamento se torna saudável e sustentável para você, então a permanência é uma opção de crescimento. É uma escolha de auto-aprimoramento, não de sacrifício.
Ao invés de tentar forçar a mudança externa, somos chamados a buscar a sabedoria para lidar com a situação e tomar decisões justas. O livro de Tiago nos lembra: “Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá livremente, de boa vontade; e lhe será concedida” (Tiago 1:5). Orar por discernimento é o primeiro passo para saber se a mudança necessária é interna ou se a solução é externa.

2. O Preço da Permanência é a Minha Sanidade?
Por outro lado, se a dificuldade do relacionamento está alicerçada em padrões tóxicos, falta de respeito, abuso emocional ou a recusa persistente do outro em assumir qualquer responsabilidade pela dinâmica, a única escolha saudável é a partida. Ficar esperando uma mudança que nunca virá, ou tentando forçá-la, é um ato de auto-sabotagem. A decisão de ir embora, nesse contexto, não é um fracasso, mas um ato supremo de auto-preservação e de reconhecimento de que o seu bem-estar é inegociável.
Embora o sacrifício faça parte do amor cristão, ele deve ser acompanhado de paz, e não de constante tormento. O chamado é para viver em harmonia com a vontade de Deus: “Esforcem-se para ter uma vida tranquila, cuidar dos seus próprios negócios e trabalhar com as suas próprias mãos…” (1 Tessalonicenses 4:11). Se o relacionamento destrói a paz e impede que o indivíduo cuide de si e de seu chamado, a permanência pode estar em conflito com o desejo de uma vida tranquila.
O amor maduro exige a coragem de amar o outro como ele é, mas a sabedoria de amar a si mesmo primeiro. A lição mais difícil é entender que alguns relacionamentos são o espelho que reflete o quanto precisamos nos priorizar. E, por vezes, a maior prova de amor próprio é a decisão de fechar a porta e seguir em frente, deixando o outro livre para encontrar o seu próprio caminho de mudança, sem a sua constante e desgastante intervenção.
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3. E se eu escolher lutar pelo meu casamento?
“O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. (I Cor. 13:4-7)
O amor, conforme o texto acima, é paciente e sacrificial, mas o sacrifício só é válido quando gera vida, paz e esperança, e não quando sustenta o caos e a destruição. Não confunda o amor divino com o martírio desnecessário.
Portanto, antes de tomar a decisão final, faça uma única e profunda oração, ou meditação, focada em uma pergunta:
“Eu estou disposto(a) a viver a minha vida inteira com essa pessoa, exatamente como ela é hoje, sem esperar nenhuma mudança futura?”
Se a sua resposta for um “SIM” verdadeiro, honesto e pacífico, então a mudança que você precisa fazer é interna: ajuste suas expectativas, fortaleça seus limites e encontre a felicidade na sua própria autonomia, ao lado de quem você ama, aceitando-o(a) integralmente.
Saiba que esta é uma escolha nobre, que reflete a essência da perseverança e da fé. Não se trata de negar a dor ou ignorar as falhas do outro, mas de abraçar a promessa de que o amor “tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1 Coríntios 13:7).

4. Sua mudança pode gerar a mudança dele(a) também!
O campo de batalha será o seu próprio coração, buscando a sabedoria para responder ao conflito com graça e para estabelecer limites saudáveis. Você estará lutando não para mudar o outro, mas para se tornar a melhor versão de si mesmo(a) dentro da aliança que jurou a Deus e Ele pode lhe auxiliar nesta difícil tarefa. Uma coisa interessante pode acontecer, ele(a) pode mudar junto com você, porque quando você muda, há uma grande chance dele(a) mudar também!
Você não estará sozinho(a). Se você escolher se dedicar a esta jornada de auto-transformação e renovação da união, você pode e deve contar com a minha ajuda total e incondicional. Estarei ao seu lado para auxiliar na busca por discernimento utilizando o aconselhamento, terapia ou simplesmente o suporte emocional necessário para que você cumpra a sua parte na aliança com paz e força.
Escolher a luta é escolher a esperança. Fique firme na fé e na sabedoria, e conte comigo para caminhar junto nesse propósito!

Natural de São Paulo, Educador, Teólogo, Psicanalista, especialista em Capelanias; Hospitalar , Escolar e de Animais Domésticos, Psicoterapia Pastoral, Terapia Cognitiva Comportamental, Terapia de Casais e em Aconselhamento Pastoral. Mais de 30 anos, atuando em Igrejas, escolas, empresas, quarteis, delegacias, presídios, etc.
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